quinta-feira, 25 de março de 2010

Roda Viva


Tem uma música do Chico Buarque que adoro, chamada Roda Viva! Diz assim: "Tem dias que a gente se sente. Como quem partiu ou morreu. A gente estancou de repente, ou foi o mundo então que cresceu... A gente quer ter voz ativa. No nosso destino mandar. Mas eis que chega a roda viva e carrega o destino prá lá ... Roda mundo, roda gigante. Roda moinho, roda pião...
O tempo rodou num instante. Nas voltas do meu coração... A gente vai contra a corrente, até não poder resistir, na volta do barco é que sente, o quanto deixou de cumprir. Faz tempo que a gente cultiva . A mais linda roseira que há. Mas eis que chega a roda viva e carrega a roseira prá lá... A roda da saia mulata, não quer mais rodar não senhor. Não posso fazer serenata, a roda de samba acabou... A gente toma a iniciativa, viola na rua a cantar, mas eis que chega a roda viva e carrega a viola prá lá... O samba, a viola, a roseira, que um dia a fogueira queimou. Foi tudo ilusão passageira, que a brisa primeira levou... No peito a saudade cativa. Faz força pro tempo parar, mas eis que chega a roda viva e carrega a saudade prá lá ... " Sei que quando Chico escreveu isso, usou de muitas metáforas políticas...num Brasil, onde a única forma de se expresssar era por metáforas. Onde não se tinha voz activa, um militarismo cheio de censura. Mas essa música me comove em certas alturas da vida e me toca de uma forma especial, aliás Chico me toca de forma especial, humana, transparente...como eu gosto. Porque eu gosto de gente assim, como li em certo sítio, "gente grande, gente larga, gente espaçosa, -por dentro-, gente com varanda, cobertura, pátio e vista, gente ampla, gente latifúndia - produtiva ou não- gente crescida e crecente, gente expandida, expansiva. Gente onde cabe a gente dentro, gente em quem a gente pode se hospedar (e como é raro hoje em dia encontrar tais pessoas, a maioria prefere que a hospedagem seja sempre o outro, e na hora que o outro precisa, não há quartos vagos), pode morar, pode deitar e rolar. Gente onde há vagas!" Mas como disse, cada vez mais sinto que EU tenho que sempre ter vagas, mas quando chega a minha vez não há vagas... mas eu não gosto de gente assim. Por isso continuando um pouco o encontro de ontem, outra mudança que fiz na minha vida também é essa, tenho vagas para quem também as tem para mim :o). Esses: Sejam muito Benvindos!!!!! Há coração de sobra aqui!!! Mas voltando a música de Chico... como disse essa letra me comove... porque talvez no momento ela traduza o que sinto na vida...mas não o que quero continuar a sentir. Estou a fazer uma limpeza, a ter voz activa, para no meu destino mandar. Para não estancar e não permitir que me coloquem barreiras, normas, leis de como posso ou devo viver. Porque a gente vai contra a corrente...até não poder resistir... E simplesmente não posso resistir. Desta vez é a minha vez...Podia escrever uma daquelas frases dos acúcares da Nicola: "Um dia será o meu dia... O dia é Hoje!!!" E isso custe o que custar e a quem custar... Porque já custaram muito a mim... as perdas, os amores, os desamores, as amizades, os dessabores delas, os laços familiares, nem sempre saudáveis... Hoje corto com tudo que não me traga de volta aquela vontade, de dar aquela gargalhada, que só quem me conhece bem, sabe como é e como sabe bem... E Viva o que é verdadeiro e transparente...o que faz a roda viva, na vida, no amor, na amizade, na inteligência... e Hoje não poderia deixar de citar o pensamento do dia, de outro blogue que acompanho, "Lareira dos pensamentos", que diz:"A felicidade consiste em preparar o futuro, pensando no presente e esquecendo o passado se foi triste." John Ruskin

1 comentário:

  1. "Gente onde há vagas!" Mas como disse, cada vez mais sinto que EU tenho que sempre ter vagas, mas quando chega a minha vez não há vagas..."
    Sabia colocação Prisca. O tempo passou, a vida girou, como a Roda Viva do Chico sempre atual, o tempo mostrou que relamente "tem dias que gente se sente, como quem partiu ou morreu."
    De repente perdemos a bússola, nosso norte...
    E, mais uma vez precisamos de: Tempo, tempo, tempo...

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