quarta-feira, 28 de abril de 2010

Ao Mário e a Wilma...Um brinde à Saudade!


Vô Mario... Hoje...Queria voltar àquela pequena sala, onde sentavas comigo calmamente e atrasavas o teu trabalho para eu pensar que estava a te ajudar... ao baixar a alavanca, que terminava aquelas pequenas peças, que hoje nem sei para que serviam, porque no fundo, o importante era estar ali, contigo, no meu mundo imaginário, com aquele Super-Homem que me protegia de todos. Ali, contigo, ou em qualquer lugar estava protegida e tinha certeza da alegria... Mas o dia chegou, você adormeceu em um sono tranquilo e dele não acordou...naquela antiga casa da Lapa, numa descida... Onde ficou tão pouco tempo... queria poder ter tido tua presença por mais tempo, sei que me darias a mesma segurança sempre... Ou não sei se é o dia de hoje que me traz essa necessidade. Queria que tivesses segurado teu bisneto no colo, mesmo ele nem estando na minha barriga ainda, queria que tivesses vivido tudo comigo. Eras único... Para mim, talvez a neta com mais sorte, a que mais lembranças tem a que mais tempo passou contigo...resta uma saudade eterna do Velho Mário... Do meu Universo Imaginário...que prosseguiu em tão boas mãos, de Uma mulher chamada Wilma... Eternas Saudades também Vovó... dos castelos construídos com lençóis e cadeiras na sala de jantar, de dormir contigo e ficar atenta a tua respiração, num medo imenso que adormecesses como o vovô. Será que algum primo sentiu isso também... Ou só eu quando ia dormir contigo, passava as noites em claro...a ouvir o inspirar e expirar e a cronometrar atentamente para que não parasse, com medo de mais essa perda... Porque com vocês estava segura... você era a Super-Mulher. E deixava, nós, os netos, correrem, com os papagaios (pipas) coloridas que fazia, daquela tua forma tão simples de ser. A minha nunca voava, lembra? Eu não sabia fazer voar, todos conseguiam menos eu e você ia lá e fazia ela voar... E o velho Apache a correr connosco nas nossas brincadeiras de super-heróis, de esconde-esconde, de pega-pega... Estávamos protegidos, naqueles corredores, naquela varanda, naquela casa... protegidos das nossas próprias vidas... Chegava a ser triste voltar pra casa!!! Preferia estar ali, segura e feliz!!! Afinal os castelos começam a ser construídos...sem sabermos exactamente quando irão cair, mas eu sabia, já naquele tempo que ia cair...Por isso nada melhor do que estar ali. Você também foi Dona Wilma, Velhinha, de uma forma muito mais dolorosa e lenta... Mas eu não me esqueço, uma semana antes de ires, no dia que voltei para Portugal, era de manhã cedo, ia para o aeroporto... fui ao teu quarto, nem a enfermeira estava acordada, você olhou para mim, me reconheceu e disse: "Priscila, minha neta, nunca se esqueça: Eu te amo!" Será que algum dia contei isso a alguém? Será que o vazio de hoje me levou até vocês e me preencheu desta maneira? Não sei... Saudades meus amados avós...Obrigada, o tempo foi cruel, vocês não viram muita coisa... Mas ficou a lembrança e a saudade. Amo vocês Véio Mário e Véia Wilma :o))


5 comentários:

  1. Prisca Minha Linda:
    Existe um Poema, ou um Provérbio, o nome que desejar, mas que diz: "Para tudo há um tempo determinado, sim há um tempo para todo assunto: tempo para nascer e tempo para morrer; tempo para plantar e tempo para desarraigar o que se plantou... tempo para curar; tempo para derrocar e tempo para construir; tempo para chorar e tempo para rir; tempo para lamentar e tempo para saltitar; tempo para abraçar, tempo para guardar, tempo para falar, tempo para amar... tempo para paz."
    Nesse meu momento de muita emoção, esse Poema veio à lembrança, pois você foi realmente muito privilegiada em ter sido "primogênita" dos filhos da Vó Wilma e Vô Mário. Poder brincar com eles em fazer argolinhas para cortinas naquele sótão e passar momentos único só seus e dele... que privilégio não concorda?! Super-homem? Não! Seu Avô, manso querido, amoroso e despojado, só com amor para dar. E, como ele te amou Pri, como ele viveu feliz os poucos anos que pode, mas muito intensamente ao ponto de ter deixado "uma" imagem linda e autêntica na sua memória tão neném ainda. E a mesma colocação sem tirar nada há para com a Vovó Wilma! Só que você pode conviver por mais tempo. Por isso creio que os momentos com ela estejam mais fortes em sua memória. Mas tão doce, meiga, amorosa quanto seu Avô! Na casa dela você, seus primos se sentiam como em uma Redoma, protegidos por inteiro e podendo tudo: correr, brincar com pipas, cabanas de lençóis debaixo da mesa, imaginação a correr solta onde todos os sonhos eram possíveis, alcansáveis! E aquela sardinha na sexta-feira que ela ia buscar fresquinha na feira só para você, lembra-se?! Que na tua memória, lembranças fiquem para sempre os "tempos" do Poema acima, agradáveis onde você 'nasceu' e foi premiada com avós tão amorosa, "tempos" que se 'plantou' em você o amor o carinho a fé, afeição eterna; "tempos" que te ensinaram a 'construir' sua vida com dignidade, amor-próprio, auto-estima; "tempos" para 'rir', 'saltitar’, 'abraçar’, 'guardar', 'falar’, 'paz', 'amar'! Fico feliz, muito feliz mesmo em ve-la recordar esses "tempos" que foram seus com seus avós onde vocês riram, abraçaram-se, conversaram, saltitaram se amaram muito. E, com essas lembranças saudáveis e gostosas podemos ficar com o aprendizado de saber suportar melhor os "tempos" para se 'despedir' onde mesmo sabendo da sua impotência em desejá-los ainda junto de você, poderá sempre senti-los bem ao seu ladinho, se quando bater uma saudades conseguir meditar sobre esses momentos lindos em que os teve junto e brincou, gargalhou, abraçou, falou, se sentiu feliz e protegida, amou... Assim poderá continuar a usufruir um legado lindo e em todo o "tempo" sentir a PAZ intensa que te deixaram e tem para sempre em toda sua história, pois há está guardando, e por isso poderá passá-la para seus filhos... E todos que passarem a fazer parte dessa privilegiada primogênita chamada Prisca
    (desculpe minha longa colocação, mas merecida!)
    Com amor e carinho
    Sílvia

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  2. Prisca, fiquei contentíssimo com a tua visita, confesso que também vi alguns comentários teus no blog da Rê, gostei muito de tê-la também no meu blog.
    lindo texto, essa saudade, companheira pra
    vida toda, saudade dá aquela dorzinha boooa na gente. Teu post foi uma verdadeira prova de amor. te sigo.

    Um Beijo pra ti.

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  3. Obrigado Leo... Sinta-se em casa..., só não é alaranjada rs rs rs....

    Beijos

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  4. vc me fez sentir saudades dos meus avos...teu texto consegue realmente nos levar ao mundo da terna saudade

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  5. Obrigada Ediney... foi escrito sem esboços... foram palavras e lembranças que saltavam para o teclado... e que encheram meus olhos de lágrima... Eles nos deixam mesmo muita saudade. Seja Bem Vindo e venha sempre me visitar... Se tiveres blog tb irei lá. Beijinhos...

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