
Hoje meus pensamentos se encontram novamente com uma música, desta de vez, de outro grande poeta, brasileiro, Milton Nascimento, chama-se Canção da América e digo que essa música não diz, ela grita o seguinte:
"Amigo é coisa pra se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção
Que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver seu amigo partir
Mas quem ficou
No pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou
No pensamento ficou
Com a lembrança que o outro trancou
Amigo é coisa pra se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a
Distância digam não
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração
Pois seja o que vier
Venha o que vier
Qualquer dia amigo eu volto
Pra te encontrar
Qualquer dia amigo
A gente vai se encontrar ..."
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção
Que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver seu amigo partir
Mas quem ficou
No pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou
No pensamento ficou
Com a lembrança que o outro trancou
Amigo é coisa pra se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a
Distância digam não
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração
Pois seja o que vier
Venha o que vier
Qualquer dia amigo eu volto
Pra te encontrar
Qualquer dia amigo
A gente vai se encontrar ..."
Lembrei dessa música...porque estava a fazer um "rewind" das minhas amizades, dos meus laços familiares, de tudo aquilo que a gente guarda, debaixo de sete chaves, do lado esquerdo do peito. Pessoas, lembranças, momentos. O que foi bom, o que não foi tão bom e nos ensinou..."pois seja o que vier e venha o que vier, qualquer dia a gente vai se encontrar..." Essa música, como a de Chico, Roda Viva, também tem seu fundo político. Mas hoje não me apetece estar a discutir as entre-linhas... apetece-me escrever sobre aquilo me vai na alma mesmo. Diante de tudo que foi entrega com retorno e sem retorno, que foi encontro ou desencontro, que foi doação completa e valeu a pena ou que deixou o vazio de perder um pedaço valioso de mim mesma, que foi idas e vindas, que foi presença e ausência, distância ou proximidade exagerada, tudo que foi demais ou de menos e... "quem cantava chorou"... ao ver que perdeu, que às vezes não há volta, que as vezes o caldo entorna realmente e há laços que não podem voltar a ser atados, nas amizades, no amor, na família. Não importa quão forte e quão grande "pareça" ser o desespero do outro, muitas vezes doentio e manipulador, não há volta... nesses casos eu penso se "seja o que vier e venha o que vier, qualquer dia a gente vai se encontrar". Será? Uma dessas pessoas que me marcou muito... que foi uma doação completa, entrega, presença, proximidade...uma pessoa que tudo foi sentido demais e exageradamente a ponto de sufocar, mesmo assim me ensinou algo, aliás sempre aprendemos com quem nos faz feliz e com quem permitimos nos fazer sentir infelizes, porque no final das contas, o rumo, o destino, a estrada, os limites, somos nós que impomos, (lol lembrei-me agora: "é a pronúncia do norte, corre um rio para o mar" dos GNR, outra música), bem mas o facto é que o exemplo que me foi dado, serve-me até hoje, para pensar muito bem antes de agir, foi vincar com muita força uma folha de papel, deixá-la bem machucada, cheia de marcas. Depois ela foi-me dada às mãos e pedido para eu fazer esse papel voltar a ser o que era... Claro, impossível. Pois é, há palavras que são ditas, gestos que são vistos, argumentos que são usados, erros que são cometidos que por mais que tentemos voltar no tempo ou continuar e pensar que isso será ultrapassado. Há coisas que nunca o são. Eu cheguei há muito tempo a uma conclusão, pode-se perder o amor, recupera-se, mas não se pode perder o respeito, porque a partir daí não recuperamos mais nada. Nem o amor... seja ele do tamanho que for, tenha a proveniência que tiver... tenha sido o laço mais forte da nossa vida, ou o mais tênue. Não há maneiras.
Eu tenho uma característica de guardar muito bem as amizades, os amores, a família, debaixo de sete chaves e do lado esquerdo do peito... Como grita a música de Milton, e tenho um limiar de frustração muito extensível o problema é que quando atinge a extensão máxima arrebenta, e para mim o retorno é muito difícil. As minhas rupturas, o adeus, na sua maioria aconteceram uma única vez, porque antes disso, já deixei muito água passar debaixo da ponte e como diz a música de Chico: "A gente vai contra a corrente, até não poder resistir, na volta do barco é que sente, o quanto deixou de cumprir. Faz tempo que a gente cultiva . A mais linda roseira que há. Mas eis que chega a roda viva e carrega a roseira prá lá... "
Mas o que vale é que há amizades, há amores, há Pais, que valem a pena serem guardados a sete chaves e do lado esquerdo do peito. Bem dentro do coração! :o) Hoje calei fundo...